Calculando a idade óssea a partir da Telerradiografia Lateral

A idade óssea é um dado muito presente na prática da odontologia, principalmente na ortodontia e ortopedia facial. Isso acontece porque o planejamento de um tratamento deve levar em conta o potencial de crescimento do paciente criança ou adolescente.

Em outras palavras, a maturação óssea é utilizada para estimar o quanto esse jovem ainda vai crescer e ajudar a decidir os procedimentos e o melhor momento para inicia-los.

Os métodos tradicionais de se estimar a idade óssea utilizam a radiografia Carpal, e são feitos a partir de uma análise dos ossos das mãos e do punho.

Porém, uma vez que um paciente que vai passar por um tratamento odontológico geralmente precisa de uma Telerradiografia lateral, considerou-se a possibilidade de usar uma análise dos elementos visíveis nesse exame para estimar o desenvolvimento ósseo.

Dessa forma, você poderia eliminar a necessidade de uma radiografia carpal e reduzir a dose de radiação sobre o indivíduo.

Foi então que as análises cervicais, primeiramente propostas em 1972 pelo cientista Lamparski, ganharam atenção.

Em seus estudos, Lamparski notou que as vértebras cervicais presentes nas radiografias laterais da cabeça sofrem alterações no decorrer da maturação óssea. Concluindo então que estas alterações podem ser utilizadas para avaliar a idade óssea, de forma confiável e com o mesmo valor clínico da avaliação da região da mão e do punho

Porém, essa análise tem um componente subjetivo, pois é necessário comparar as vértebras visíveis em uma Telerradiografia com uma série de padrões e determinar com qual deles elas mais se pareciam. 

Por isso, em 2002, o japonês Mito propôs um método mais objetivo de avaliação cervical de idade óssea que era feito a partir de medições feitas nas vértebras C3 e C4. O cientista testou esse método em adolescentes do sexo feminino e concluiu que ele era eficiente tanto para homens quanto para mulheres.

Em 2007, a cientista brasileira Maria de Paula Caldas fez uma nova pesquisa aplicando os  métodos de Mito em meninos e meninas brasileiras com idades entre 7 e 14 anos. O estudo encontrou uma relação entre a idade óssea e as fórmulas propostas pelo cientista japonês para meninas porém não para os meninos. Diante disso, Caldas propôs e comprovou uma nova fórmula para as medições feitas nas vértebras C3 e C4 para ser aplicada em indivíduos do sexo masculino.

A brasileira então concluiu que para se ter uma análise confiável era preciso utilizar uma fórmula para o sexo feminino e outra para o sexo masculino

A idade óssea na prática

Diante da conclusão de Caldas de que a análise cervical pode ser considerada confiável e eficiente, a Radio Memory desenvolveu uma tecnologia que aplica os métodos desenvolvidos pela cientista brasileira e pelo japonês Mito em Telerradiografias com a ajuda de inteligência artificial

A análise e o cálculo da idade óssea são realizados automaticamente. E o resultado pode ser incluido na documentação que é enviada ao dentista pelo iDoc

Referências:

 LAMPARSKI, D. Skeletal age assessment utilizing cervical vertebrae. [Thesis.] Pittsburgh: University of Pittsburgh, 1972

 Mito T, Sato K, Mitani H. Cervical vertebrae bone in girls. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2002;122(4):380-5.

 Caldas, Maria de Paula. Avaliação da maturação esquelética na população brasileira por meio da análise de vértebras cervicais. 2007. Dissertação (Mestrado em Radiologia Odontológica) –Universidade estadual de Campinas, Piracicaba, 2007.