Introdução
A displasia cemento-óssea florida (DCOF) é uma alteração benigna mais frequente em mulheres negras e asiáticas, na faixa etária dos 40 aos 60 anos de idade.
Características histológicas
Essa condição faz parte das lesões fibro-ósseas, nas quais o osso normal é progressivamente substituído por tecido conjuntivo fibroso. Com o passar do tempo, a lesão se modifica: o osso afetado desenvolve um trabeculado mais espesso e com contornos curvilíneos. Na fase mais avançada, essas estruturas se fundem, formando massas com aspecto lobular.
Localização e comportamento clínico
As lesões acometem de forma multifocal os ossos gnáticos, localizando-se na região periapical dos dentes. Em geral, respeitam o espaço do ligamento periodontal e podem estar associadas — ou não — à hipercementose. Trata-se de uma condição assintomática, exceto quando há infecção secundária associada. As lesões geralmente não são expansivas, mas esse não é critério de exclusão.
Distribuição anatômica
Tomograficamente, a COD evolui em três estágios principais:
No início, as lesões são hipodensas, refletindo a substituição do osso por tecido fibroso.
Com o tempo, surgem áreas mistas, que são hiperdensas circunscritas por halos hipodensas, devido à mineralização progressiva.
Na fase final, as lesões se tornam densamente hiperdensas, indicando a predominância de tecido mineralizado.
Risco de infecção e complicações
A susceptibilidade do osso a infecções ocorre uma vez que as áreas de mineralização se apresentam extremamente densas, avasculares e com pouca capacidade de remodelação, predispondo o paciente a infecções e/ou condições mais graves como osteomielite.
Conduta diante da lesão
Em situações como essa, a biópsia incisional costuma ser evitada, já que o procedimento pode desencadear infecções na área manipulada e acabar agravando o quadro, tornando o controle clínico mais complicado.
Acompanhamento clínico
Quando a DCOF não apresenta sintomas, a conduta indicada é o monitoramento clínico, com exames radiográficos anuais e reforço nas orientações de higiene bucal. O objetivo é evitar infecções que possam alterar a estabilidade da lesão ao longo do tempo.
Etiologia
A causa exata ainda não é totalmente compreendida. No entanto, por apresentar características histológicas semelhantes às do ligamento periodontal, muitos autores acreditam que sua origem esteja relacionada a essa estrutura.
Relato de caso
O caso em questão refere-se a uma paciente do sexo feminino, melanoderma, com 50 anos e 2 meses de idade, assintomática. O exame foi realizado de forma rotineira, e diante dos achados radiográficos, foi solicitada a tomografia computadorizada para avaliar a extensão da lesão e auxiliar na confirmação diagnóstica.
A paciente apresenta lesões múltiplas em maxila e mandíbula, que se encontram, na mandíbula no estágio II da DCOF (lesões mistas), e na maxila no estágio III de maturação.
Referências Bibliográficas
COSTA, T. S. et al. Displasia cemento-óssea florida: revisão de literatura. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 17, n. 1, p. 6, 4 jan. 2025.
MASCARENHAS, A. C. M. et al. Displasia cemento‑óssea florida: relato de três casos clínicos envolvendo ambos os maxilares. J Multidiscipl Dent. 2021 Sept.–Dec.;11(3):173–182.
Imagens do Caso





ESCRITO PELA DRA. BEATRIZ MOTOYAMA
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